Drenagem Linfática.
A Linfa, na história da medicina,
nem se quer teve seu lugar que merecia, provavelmente por causa de sua
transparência ( a palavra linfa provém do latim limpidus,
que significa claro, límpido ) e das dificuldades que enfrentaram os primeiros anatomistas para evidenciá-la.
Este líquido misterioso intrigou
inúmeras civilizações: na Grécia, Pythie, uma sacerdotisa do século V a.C.,
proferia oráculos se referindo ao sangue
branco; podemos supor que se tratava da linfa. Sabemos que o povo grego
tinha um grande interesse pelas ciências e especialmente pela medicina. Entre
os antigos, Hipócrates ( fim do século V a.C. ) menciona diferentes humores
constitutivos do corpo.
Na Idade Média, os progressos no
âmbito da medicina ficaram estaganados em virtude do puritanismo de uma época
dominada pelas religiões. Assim, somente em 1622, um italiano chamado Aselli de
Crémole revela, ao dissecar o intestino de um cachorro, a presença de vasos
linfáticos que denominou de venae láctea, veias lácteas , por
causa da cor opalescente e nacarada que caracteriza a linfa nesse lugar,
durante a digestão.
Seis anos mais tarde, na
Inglaterra, William Harvey descreve o funcionamento da circulação sanguínea
como é conhecida na atualidade: um circuito fechado acionado pelo coração.
Em 1647, Olaf Rudbeck anuncia a
presença de um grosso coletor linfático: o ducto torácico. Nessa mesma data, na
França Jean Pecquet, da Faculdade de Medicina de Montpellier, faz a mesma
descoberta. Seu nome ainda é conhecido atualmente graças à “cisterna de
Pecquet” ( a cisterna de Pequet é um pequeno reservatório situado no começo do
ducto torácico. Sua função é recolher a linfa dos coletores dos membros inferiores
).
Em 1652, Thomas Bertelsen, chamado
“Bartholin”, confirma, em seus volumes dedicados as rei Frederico III da
Dinamarca, a existência do sistema linfático no ser humano. No curso de suas
pesquisas, injetando corante azul dentro da rede lifatica, ele traz informações
preciosas sobre suas ramificações : os vasos linfáticos.
Em 1876, após mais de um século de
desinteresse pela linfa, Mâconnais cria uma prancha que descreve com precisão a
anatomia linfática do membro inferior.
Em 1883, Sappey elabora um Atlas de la circulation lymphatique, cujas
pranchas descritivas dos trajetos dos vasos e das zonas ganglionárias continuam
sendo utilizadas na maioria das obras atuais.
Em 1892, um cirurgião austríaco
Winiwarter, efetuou as primeiras manobras com o propósito de reabsorver os
edemas.
Em
1932 e 1936, Emil Vodder, reconhecido como o pai da drenagem linfática,
inicialmente doutor em Filosofia e, depois, Fisioterapeuta, interessa-se pelos
trabalhos de ALEX CARREL ( obteve o
prêmio Nobel em 1912 por ter tido êxito na experiência surpreendente de manter
vivas células de frango, renovando regularmente o líquido linfático no qual
elas se banhavam ).
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Emil Vooder |
Intrigado em relação ao sistema
lifático e seguindo a intuição que teve ao longo do tratamento de um dos seus
pacientes acometido de sinusite, ele elabora, em Cannes, um método completo e
original: a drenagem linfática. Com movimentos “em círculos”, efetuados
suavemente, mas de maneira rítmica, tendo como objetivo aliviar diferentes
patologias e reabsorver os edemas.
O caminho foi longo e difícil,
apesar de seu método ter sido apoiado cientificamente, pouco a pouco, por
diferentes professores ( Foldi,
Asdonk, Kuhnke, Collard e, atualmente Leduc). Vodder teve de esperar
vinte anos para que seu tratamento fosse reconhecido com base em seus
benefícios. Mais tarde, em 1970, fundou sob sua marca, em Walchsee ( Áustria ),
uma escola particular que funciona até hoje.
Atualmente, a drenagem linfática
adquiriu um lugar de destaque entre os tratamentos médicos. Simpósios de linfologia
acontecem todos os
anos.
Fontes:
- A Drenagem da Vitalidade; Jacquemay Dominique
- Drenagem Linfática ; Leduc Albert
- Fisioterapia Dermato Funcional; Guirro Elaine e Rinaldo